quinta-feira, março 23, 2006

Jornal de Negócios - avaliação heurística

A avaliação do site do Jornal de Negócios passou também por uma análise não empírica, baseada avaliação heurística introduzida por Nielsen e Molich em 1990. Assim, procurou-se analisar o site através da confrontação da sua interface com um conjunto de heurísticas.
Esta análise baseia-se também na estrutura, criada em 1994 por Darryn Lavery, Gilbert Cockton e Malcolm Atkinson, que sistematiza as heurísticas de Nielsen (revistas em 1994)
Esta estrutura procura, para cada heurística, definir o que o sistema ou o utilizador deve fazer para satisfazer a heurística (Conformance Question), apresentar indicações ou provas do cumprimento ou incumprimento dessa heurística (Evidence Conformance) e apresentar as razões da existência ou inexistência dessa heurística, apresentando os problemas de usabilidade que a heurística procura evitar (Motivation).
As heurísticas que foram usadas para avaliar este site são: visibilidade do estado do sistema, relação entre o sistema e o mundo real, controlo e liberdade do utilizador, consistência e standards, prevenção de erros, reconhecimento em vez de lembrança, flexibilidade e eficiência de uso, design e estética minimalista, ajuda aos utilizadores no reconhecimento, diagnóstico e prevenção de erros e ainda ajuda e documentação.

Visibilidade do estado do sistema

O feedback do sistema, no caso do site do Jornal de Negócios, deveria fornecer informação sobre o progresso da realização de uma determinada tarefa. A presença de feedback consegue também ajudar a reduzir a ansiedade do utilizador, permitindo que este saiba se a tarefa está ou não a ser realizada.
No entanto, no Jornal de Negócios não existe qualquer mecanismo que indique ao utilizador qual o estado do sistema. Este tipo de informação é apenas fornecido através do browser.

Relação entre o sistema e o mundo real

Tendo em conta que o público-alvo do site do Jornal de Negócios é constituído principalmente por utilizadores de alguma forma relacionados com a área económica, é especialmente através da linguagem usada que se nota uma adequação entre o sistema e o mundo real. A linguagem usada pelo site é bastante clara e facilmente identificável. São usados termos com os quais os economistas lidam diariamente como “mercados”, “índices” ou “câmbios”.
No caso deste site, o cumprimento desta heurística é muito importante, uma vez que faz com que os utilizadores se sintam confortáveis com a informação disponibilizada.
Mas, para além da informação textual, é necessário também ter em conta a informação gráfica que é disponibilizada. Também aqui existe uma relação com o mundo real. Nota-se uma preocupação em oferecer aos utilizadores informação em vários gráficos, o que é uma forma muito usada no dia-a-dia para apresentar informação económica.
Para além dos gráficos, outro exemplo da importância dada a esta heurística é o ticker, que apresenta a cotação dos principais índices. Esta funcionalidade ocupa uma posição de destaque no topo da homepage, mas pode também ser disponibilizada como pop-up, para o utilizador a consultar enquanto está noutras páginas.

Controlo e liberdade do utilizador

No caso do site do Jornal de Negócios, funções normalmente associadas ao controlo e liberdade do utilizador, como voltar atrás e sair da aplicação, estão disponíveis no browser. No entanto, a presença constante do menu do lado esquerdo dá uma certa liberdade ao utilizador, que pode facilmente “saltar” de uma página para a outra quando quiser.
Muitas vezes, acredita-se que um sistema interactivo deveria permitir ao utilizador interagir quando e como deseja. No entanto, nem sempre se deve tentar cumprir ao máximo esta heurística, já que ela também pode ser considerada uma “faca de dois gumes”. Ou seja, se por um lado o utilizador sente que domina completamente o sistema, por outro lado pode também sentir-se desorientado. Bruce Tognazzini alerta-nos precisamente para esta situação no seu artigo “First Principles of Interaction Design”, quando fala sobre a autonomia do utilizador.
Assim, mesmo que não se dê muita liberdade ao utilizador, esta é também uma forma de o encaminhar até á informação.

Consistência e standards

Tal como a relação com o mundo real, esta heurística torna-se importante no contexto dos sites informativos, uma vez que dá segurança ao utilizador, o que indirectamente poderá ser relacionado com a fiabilidade da informação apresentada pelo site.
Para além disso a presença desta heurística permite aos utilizadores, a partir de uma acção, conhecerem o funcionamento de uma série de acções, diminuindo o grau de conhecimento do utilizador necessário para interagir com o sistema.
Neste aspecto, o site do Jornal de Negócios está bastante consistente e várias informações são disponibilizadas da mesma forma e com os mesmos tipos de conteúdos associados.

Prevenção de erros

Neste caso, o cumprimento das especificações desta heurística é bastante relevante, uma vez que os erros levam à ineficiência e ineficácia da utilização do sistema e também têm efeitos negativos no estado psicológico do utilizador.
No site do Jornal de Negócios, apesar da utilização de termos da “gíria” da Economia, existem algumas falhas que podem levar o utilizador a não seguir o caminho desejado, como é o caso da secção “agenda”, o que demosntra alguns problemas ao nível da arquitectura da informação.

Reconhecimento em vez de lembrança

Tendo em conta o carácter deste site, que pretende ser informativo e não é propriamente um programa em que o utilizador precisa de se lembrar de atalhos e de comandos, não é muito relevante o cumprimento desta heurística, já que os utilizadores navegam essencialmente através dos links que, na maioria dos casos, são textuais ou têm texto associado.

Flexibilidade e eficiência de uso

No caso do Jornal de Negócios, esta heurística pode ser importante mais uma vez devido à natureza da informação disponibilizada. Esta necessita de ser permanentemente actualizada, por isso, acaba também por ser necessário criar uma forma de aumentar a eficiência dos utilizadores para que estes possam facilmente aceder à informação.
No entanto, não existem grandes mecanismos que permitam o cumprimento desta heurística. Para além dos gráficos disponíveis na homepage, que permitem ao utilizador facilmente consultar as mais recentes actualizações da bolsa, não existe uma forma de o utilizador melhorar a sua acção a não ser através de um maior conhecimento do site, o que obviamente demora tempo.

Estética e design minimalistas

No caso dos sites informativos, por vezes torna-se necessário agrupar a informação em poucas categorias, o que devido à especificidade de alguns temas pode ser difícil. Para além disso, os sites dos jornais apresentam muitas informações para além de notícias, como publicidade e autopromoção, o que pode quebrar as determinações desta heurística e mesmo causar ruído na página, diminuindo também a eficiência do utilizador.
Relativamente ao Jornal de Negócios, existem muitas opções disponíveis, o que pode confundir o utilizador, dificultando a sua escolha e reduzindo a sua eficiência.
Esta heurística torna-se importante pela necessidade de garantir um acesso simples e rápido à informação. No entanto, não existiu um grande cuidado neste âmbito o que só prejudica os utilizadores.

Ajuda aos utilizadores no reconhecimento, diagnóstico e recuperação de erros

Tal como não existem mecanismos que prevenção de erros, também não existem grandes respostas a esta heurística. A única excepção surge, no entanto, quando o utilizador pretende aceder a conteúdos restrictos, aos quais só é possível aceder mediante login. Nestes casos, o utilizador é avisado desse facto e encaminhado para o login ou para o link onde se pode registar, caso se trate de um utilizador não registado.

Ajuda e documentação

No caso deste site, não é expressamente necessária a presença de ajuda. Tal como já foi referido, a maior parte dos utilizadores do site têm conhecimentos na área económica e facilmente se orientam. No entanto, a presença de um mapa do site já não seria tão dispensável e pode ser uma grande falha no apoio a utilizadores menos experientes.