Design emotivo - o projecto OutBurst (versão 1.0)
O projecto OutBurst nasceu com o objectivo de dar voz às crianças e perceber o que é que estas pensam sobre o “mundo dos adultos”. Assim, pretendia-se criar um produto através do qual pudessem expressar as suas opiniões e as suas emoções. Neste caso, o objectivo era perceber o que os mais pequenos pensam sobre os acontecimentos mais marcantes da actualidade e, ao mesmo tempo, permitir que exista uma troca de opiniões entre as crianças.Para concretizar este objectivo era necessário encontrar um local onde as crianças pudessem expressar as suas opiniões, onde se sentissem à vontade para o fazer, mas também um local onde pudessem contactar com outras crianças. O projecto OutBurst criou, assim, um site onde as crianças podem ter acesso a notícias actualizadas e onde podem interagir de duas formas: activa ou passivamente. Ou seja, as crianças podem expressar a sua opinião sobre o acontecimentos ou podem simplesmente ler as notícias e consultar as opiniões das outras crianças.
Na minha opinião, a Internet pode ser um dos meios mais eficazes para desenvolver um projecto deste tipo, uma vez que, actualmente, as crianças entram em contacto com as novas tecnologias cada vez mais cedo e o suporte online permite o contacto rápido com outras crianças, de diferentes meios e locais. Para além disso, este tipo de suporte pode ser visto como as crianças como uma forma “segura” de se expressarem, uma vez que não estão a dizer fisicamente o que pensam nem se sentem inibidas perante a presença de outra pessoa.
O facto do OutBurst deixar as crianças decidirem se querem participar activa ou passivamente parece-me importante, porque lhes dá a possibilidade de, num primeiro momento, apenas explorarem o site e perceberem o seu funcionamento. Assim, cada criança pode criar o seu próprio ritmo de aprendizagem e adaptação, passando a emitir as suas opiniões apenas quando sente que serão importantes, uma vez que nesta idade é muito importante para as crianças sentirem que têm atenção e serão valorizadas.
Para além disso, a possibilidade de apenas gravarem as suas opiniões no site ou enviá-las a um amigo, em vez de as disponibilizarem para qualquer utilizador ver, contribui ainda mais para a criação de um ambiente “acolhedor” para as crianças.
Outra forma de incentivar as crianças a expressarem a sua opinião é a existência de guias que servem de exemplo para os utilizadores e que podem ajudá-los. No entanto, e tal como Alissa Antle também refere, algumas crianças podem confundir estes guias com crianças de “verdade”.
Durante a elaboração deste projecto foi necessário perceber como as crianças agem de forma a conhecer a necessidade de exprimir opiniões. Apesar do mérito de todo o trabalho realizado (inclusivé a criação de personagens-tipo representativas das crianças para ajudar a entender as suas necessidades), o projecto falhou ao nível da forma como as crianças podem emitir as suas opiniões.
Muitas crianças não se sentem muito à vontade para dizer o que pensam de forma escrita. Por isso, este site falha quando apenas permite que as crianças comuniquem através de palavras escritas. Deviam ser tidas em linha de conta outras formas de expressão como por exemplo o desenho. Para além disso, este tipo de público ainda não está muito habituado a ser chamado a emitir opiniões, por isso a escolha de outras formas de comunicação podia ser uma forma de incentivar as crianças a olhar o “mundo dos adultos” de uma outra maneira e a transmitirem o sentem sobre a actualidade.
O desenvolvimento da interface, tal como todo o projecto, procurou ter em conta as necessidades do público-alvo.
Desta forma, o design do site adequa-se ao universo infantil. Procurou-se usar uma linguagem que fosse facilmente perceptível pelas crianças – a banda desenhada. Assim, para além da interface ser muito “desenhada”, as crianças são convidadas a fazer parte dela, deixando a sua opinião nos balões. Isto cria uma relação muito próxima com o mundo quotidiano das crianças, dando-lhes a entender que este produto foi pensado para elas.
1 Comments:
Olá Paula.
Já li o teu artigo e gostei. No entanto não te esqueças duma segunda versão para explorares melhor a noção de design emotivo, já que até agora tocaste sobretudo em aspectos do artigo de Alissa Antle, sobre a “fundamentação teórica” do sistema Outburst.
Bj
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